Fab Labs
um espaço maker
Ensinar a cultura do faça-você-mesmo e integrar a tecnologia no dia-a-dia e na resolução de problemas das pessoas é um objetivo nobre, e, como todos os objetivos nobres, não pode ser realizado sem enfrentar alguns empecilhos. Um dos maiores é o custo proibitivo de muitos dos insumos tecnológicos que fazem parte do universo maker — afinal, é fácil dizer que vale mais a pena imprimir uma peça em 3D do que comprar uma nova, mas, se não houver acesso a uma impressora, que pode custar milhares de reais, de que adianta essa informação?
Foi com a visão de resolver o problema de acessibilidade do maquinário especializado de fabricação digital que surgiram os Fab Labs, como se denominam os espaços consolidados para esse propósito. O nome é uma abreviação de “Laboratório de Fabricação”, em inglês, e o conceito foi desenvolvido no MIT (Instituto de Tecnologia do Massachusetts), nos EUA, em 2001.
Hoje, no mundo, há mais de 1100 Fab Labs, segundo o FabLabs.io, o maior catálogo desses espaços. Você pode ver a distribuição internacional no mapa abaixo. O Brasil conta com 40 laboratórios cadastrados — o país com a maior quantidade deles é os EUA, com 153, e a maior densidade de Fab Labs está na Islândia, que conta com 2,3 deles por 100 mil habitantes!
O Programa Fab Lab Livre SP
Uma iniciativa pública para expandir o acesso ao mundo maker
Embora todos os Fab Labs tenham surgido com o objetivo de acessibilizar o equipamento especializado e fornecer um espaço de criação compartilhado, o custo para estabelecer e operar um deles é alto. O laboratório da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), primeiro do Brasil, é de uso gratuito, mas somente para os alunos. Os Fab Labs independentes (privados) precisam cobrar pelo uso de seu maquinário. O Garagem, pioneiro no Brasil, por exemplo, cobra R$60 por hora de uso da impressora 3D e R$160/h para usar a fresadora CNC de grande formato. Como um projeto pode exigir várias horas de uso de cada máquina, o custo ainda é proibitivo para muitos.
Foi com base nisso que a Prefeitura de São Paulo, lançou, em 2015, um edital para o programa Fab Lab Livre SP. Assumido pelo ITS Brasil (Instituto de Tecnologia Social), uma entidade do terceiro setor, hoje o programa administra 12 laboratórios na cidade, que podem ser usados por qualquer pessoa interessada. Para tanto, basta cadastrar o projeto no site e depois visitar um dos Labs para receber orientações dos técnicos e agendar o uso das máquinas. A lista de localizações pode ser encontrada aqui, e inclui laboratórios em todas as regiões de São Paulo.
Além de fornecer um espaço com técnicos e maquinário para possibilitar os projetos pessoais dos cidadãos, os Fab Labs Livres também oferecem workshops e cursos gratuitos (desde marcenaria até programação de Arduino, por exemplo) para ensinar e motivar as pessoas a usarem os laboratórios. Segundo André Montoro, da Secretaria de Inovação e Tecnologia, a prioridade agora é divulgar o programa e atrair o público para que o aproveitamento seja o maior possível. De acordo com ele, os 12 Fab Labs podem servir ainda mais do que as 52 mil pessoas que fizeram uso deles no período de abril de 2016 a abril de 2017.
A integração da tecnologia e cultura maker em todos os níveis sociais também é um dos focos do programa. Realizando parcerias com a Secretaria de Direitos Humanos e a Secretaria da Educação, a Prefeitura busca introduzir o tema a parcelas vulneráveis da população, que dificilmente teriam acesso a esse conhecimento especializado de outra forma. Nesse sentido destacam-se os laboratórios de Heliópolis e Cidade Tiradentes, que priorizam atrair e integrar a comunidade local em projetos que alterem sua realidade de forma tangível e imediata, assim como incluir os espaços na grade curricular das escolas públicas que os cercam.
Por dentro do Fab Lab Livre de Heliópolis
Sinta-se dentro de um de quatro laboratórios classificados como grandes pela Prefeitura no nosso vídeo 360
Número de Fab Labs por país. Fonte: fablabs.io
Conheça as máquinas
Fique por dentro dos equipamentos de fabricação digital que dão a um Fab Lab a sua identidade
Impressora 3D
Provavelmente a integrante mais célebre do máquinário maker, a impressora 3D é capaz de dar forma a objetos tridimensionais por meio da adição de plástico em camadas. Ela permite a prototipagem rápida de pequenas peças e a produção fácil de objetos que normalmente exigiriam processos complexos.
Cortadora Laser
Favorita dos arquitetos, a cortadora laser permite corte e impressão de alta precisão, sendo capaz de trabalhar com diversos materiais, do papel ao acrílico. Programável para realizar trabalhos complexos e sofisticados.
Serve para fazer recortes em grandes placas de vinil, para criação de adesivos ou cartazes. Também serve para recortar folhas de cobre para uso em circuitos eletrônicos.
Plotter de Recorte
Seja ela de pequeno formato, própria para detalhamento, ou de grande formato, capaz de lidar com chapas de até 3m de comprimento, a fresadora usa sua fresa (uma espécie de broca de corte) para cortar suas peças nas especificações exatas. Usada desde a produção de mobília de madeira até para criar minúsculos caminhos de solda em placas de circuitos.